Ladainha








Pelo tempo, em que “Arruda” era uma folhinha para espantar mal olhado
Pela meia, onde antigamente, só o pé era guardado.
Pela catedral que acertou Berlusconi
Pelo dinheiro de Brasília para comprar panetone.
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo carisma do Lula
Pela Dilma, que ele quer que  o eleitor engula.
Pela ponte Salvador/Itaparica
Por tanto factóide na política.
Senhor, tende piedade de nós!
Pela inexistência do mensalão
Pelo inexplicado apagão.
Por Sarney mantido no senado
Pelo castelo do deputado.
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo tempo em que macho admirava mulher bela de vestido curto
Por quando  universidade ruim não era surto.
Pelo botox dos artistas
Pelas plásticas da ministra.
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo maiô da primeira dama
Pelo sungão do presidente, que não vê o mar de lama
Pela inconseqüência de “los hermanos”: Chaves, Morales, Zelaia...
Para que o Brasil não caia nessa gandaia
Senhor, tende piedade de nós!
Pela insegurança pública
Pelas vítimas do SUS que sobrevivem em súplica
Pelo caos no aeroporto
Pelo ensino quase morto
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo dinheiro na Bíblia, na cueca e na pasta preta
Pelos lobistas, máfias, corruptos e tanta mutreta
Pelos grampos ilegais de telefone
Pelos devotos de Ali Babá e Al Capone
Senhor, tende piedade de nós!
Pela sapatada que não acertou Bush filho
Pelo traficante com o dedo no gatilho
Pelo voto equivocado
Pela bala perdida achando um favelado
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo lixo que infecta a música brasileira
Por tão pouca arte e tanta asneira
Pela cultura que arrisca um enfarte
Pelos verdadeiros talentos deixados à parte
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo “o cara” do Obama
Pelo esconderijo do Osama
Pelas boas intenções do Ahmadinejad
Por quem nelas acreditar
Senhor, tende piedade de nós!
Pela endêmica impunidade
Pela parlamentar imunidade
Pela crise da ética
Pelos atentados à estética
Senhor, tende piedade de nós!
Pela Bahia da propaganda oficial
Pela mediocridade real
Pelo Pelourinho abandonado
Pela “professora” com “tudo enfiado”
Senhor, tende piedade de nós!
Pela extorsiva carga tributária
Pela gastança arbitrária
Pelas privatizações do FHC
Pelos abusos do MST
Senhor, tende piedade de nós!
Pela estrada perigosa
Por quem “relaxa e goza”
Por tanta propaganda de cerveja
Pelo que não saiu na Veja
Senhor, tende piedade de nós!
Pela liberação da maconha
Pela falta de vergonha
Pela legalização do aborto
Por quem acha certo o torto
Senhor, tende piedade de nós!
Pela birita mal tomada
Pela seleção mal escalada
Pelo terceiro lugar do Rubinho
Pela batida do Nelsinho
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo prato sem ranGo
Pelo hormônio do frango
Pela bolsa esmola
Pela péssima escola
Senhor, tende piedade de nós!
Pela jogatina financeira
Pelo planeta na fogueira
Pela profusa poluição
Pela grana, que dita dos gases a emissão
Senhor, tende piedade de nós!
Pela dengue, meningite, gripe suína...
Pela passividade bovina
Por quem não gosta de política
Pela cidadania paralítica
Senhor, tende piedade de nós!
Pelo carro com o som no último volume
Pela ignorância tornada costume
Pela malhação física
Pela cerebração tísica
Senhor, tende piedade de nós!
Pelos caros e péssimos serviços de telefonia
Pela fila do ferry boat e sua agonia
Pelos barracos na encosta
Por quem na sorte aposta
Senhor, tende piedade de nós!
Pela banda larga estreita
Pelo hacker à espreita
Pela agência reguladora que mal regula
Pela prestadora de (des)serviço e sua gula
Senhor, tende piedade de nós!
Tende piedade Senhor!
Senhor, piedade!

Antonio Pereira APON

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