SOUL NEGRO























Sou negro de herança de sangue
de preto no branco
das sombras dos quilombos
obscuros de Baixada

Sou negro
que atravessa a Dutra
e com o meu batuque
dou a cara à tapa

Sou negro de alma e resistência
de quebrar correntes
de romper com os dentes
os grilhões da fala

Sou negro claro
e também escravo
de outros Apartheids

Sou Madiba
dos dias de luta
desde os soluços
abolicionistas
Áfricas diárias
Senhores, senzalas
Eu sou a porrada
de Muhammad Ali

Sou os lábios gotejando
por um sonho
Martin Luther King
Gritos dos Palmares
Cicatriz da pele na chibata
Oásis de liberdade
Sou voz da mistura em seu cortejo
Soul Negro


Alan Salgueiro

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