Chagas de amor


Esta luz, este fogo que devora.
Esta paisagem gris que me rodeia.
Esta dor por uma só ideia
Esta angústia de céu, mundo e hora.

Este pranto de sangue que decora
lira já sem pulso, lúbrica teia.
Este peso do mar que me golpeia
Esta lacraia que em meu peito mora.

São grinaldas de amor, cama de ferido,
onde sem sono, sonho tua presença
entre as ruínas de meu peito oprimido.

E ainda que busque o cume da prudência,
me dá teu coração vale estendido
com cicuta e paixão de amarga ciência.
.

Llagas de amor


Esta luz, este fuego que devora.
Este paisaje gris que me rodea.
Este dolor por una sola idea.
Esta angustia de cielo, mundo y hora.

Este llanto de sangre que decora
lira sin pulso ya, lúbrica tea.
Este peso del mar que me golpea.
Este alacrán que por mi pecho mora.

Son guirnalda de amor, cama de herido,
donde sin sueño, sueño tu presencia
entre las ruinas de mi pecho hundido.

Y aunque busco la cumbre de prudencia,
me da tu corazón valle tendido
con cicuta y pasión de amarga ciencia.

Federico García Lorca, 
em “Federico García Lorca: Antologia poética”‘. [tradução, seleção e apresentação de William Agel de Melo]. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2011.

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