A Morte de Cristo















Pregado estava o Cristo à cruz que nos salvou; 
Aproximou-se a Morte e, no auge do suplício, 
Parecia hesitar e o braço retirou, 
Temendo praticar o seu nefando ofício. 

Mas Jesus, a cabeça inclinando, acenou 
À executora atroz para que, sem flagício 
Contra o filho de Deus, que Deus nos enviou, 
Pudesse consumar o negro sacrifício. 

Dando um tremendo golpe a Morte obedeceu, 
Abalou-se a natura e o sol empaleceu, 
Qual se próximo fosse o termo deste mundo. 

Tudo, tudo gemeu na terra e na amplidão; 
Somente o homem mostrou ter do peito no fundo 
Uma pedra, e na pedra arfava um coração!


Artur de Azevedo

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