Central do Brasil

















Desde o primeiro que chega
Desde o primeiro que parte
Vontades em pernas e braços
Passam pela gare.

Algumas ainda dormindo caladas
Mas seguem seus caminhos
Carregando o peso dos sonhos.

Produzem uma melodia
Ensurdecedora
Nas lanchonetes de cafezinhos
Nos mais apressados
No balé dos corredores
Da estação de ferro D, Pedro II

Que entre trens que chegam
E trens que partem.
Entre o Império que parte
E a República que chega
Tornou-se Central do Brasil.

Com bailarinos ensaiados
Pelos ponteiros
De um relógio pessoal.
Da valsa ao samba
Cada um no seu ritmo
Matutino ou noturnal

Sonhos descem
Ao submerso
Seguem trilhos de novo
Sonhos atravessam
As avenidas
Buscando as calçadas
Calçadas tomadas
De sonhos
E também dos que não podem dormir.

Sonhos pegam ônibus
Táxis ou urbes
Sonhos vão de VLT
Sonhos andam a pé
Para economizar
E poder ter tempo de sonhar.
E o retorno do dia
A mesma pressa
Em uma melodia mais cansada
Do compromisso firmado
De continuar a música

O dia todo sonhos chegam
E sonhos partem
Até que o silêncio ecoa
Nas suas entranhas
E podemos dormir
Para sonhar de verdade.


Henrique Rodrigues Soares – Pra Fora/ Por Dentro




Nenhum comentário:

O Tempo seca o Amor

O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a ...

Nos últimos 30 dias.