Corpo: anatomia do mito
Ferro e cálcio
amor e calma,
iodo e ódio,
chumbo e dor.
Da cartilagem
ao osso,
do menino
ao moço
foi-se fazendo
a anatomia
desse corpo
— difícil e vária —
pois resume
a anatomia
do mito
e da animália.
O corpo
é meu mito
predileto,
a palavra
que mais uso
e o objeto
mais completo.
Por isto,
domar o corpo,
é seus mitos dominar,
é circunscrever os mitos
onde os mitos
devem estar,
que no corpo é que se instalam
e se fazem alimentar.
Por isto,
que outros corpos
há que sempre conquistar,
pois que um mito
a outro mito
sempre ajuda
a decifrar.
Affonso Romano de Sant'Anna
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O Tempo seca o Amor
O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a ...
Nos últimos 30 dias.
-
O ventre e os braços da mãe, o berço, a casa, a escola, o pátio, o ônibus, o escritório, a mulher e o sono. Mauro ...
-
Em dias de silêncio Vozes falam, vozes gritam Dentro da minha casa Sou mínimo dentro do imenso De palavras, choros e...
-
há no dito um não-dito oculto duplicando-se no outro e avizinhando-o nessa teia infinita d...
-
Quando tá escuro E ninguém te ouve Quando chega a noite E você pode chorar Há uma luz no túnel Dos desesperados Há ...
-
Mora no céu de minha boca um Grito Em brasa e luz Um sol de Mim Que se guarda no verbo silenciado pela...
-
Colho do olhar a calma mansidão presente, sempre armada na visão. Vejo e muito olho o lombo nas retinas de...
-
Pousa neste leito palavras inúteis e nunca ditas. Pousa neste leito espíritos cansados e desinteressados...
-
Eu não estou interessado Em nenhuma teoria Em nenhuma fantasia Nem no algo mais Nem em tinta pro meu rosto Ou o...
-
Ficai, pedi às flores cortadas. Elas curvaram ainda mais as cabeças. Fica, disse à aranha, que fugiu. Fica, folha. Ela enrubesceu de v...
-
Intratável. Não quero mais pôr poemas no papel nem dar a conhecer minha ternura. Faço ar de dura, muito sób...
Nenhum comentário:
Postar um comentário