Uma despedida















Eu que ao longo dos anos lhe cantei canções,
Parto
A haste rompeu-se
A jovem planta de ébano afunda no pântano.
Esses ventos ululam com sementes.
Hão de espalhá-las sobre o espaço aberto
Onde chuvas darão nascença a selvas.
Creio no grande dia
Que fará nossos caminhos se encontrarem:
Hei de acordar, pois, do deserto
Vendo você se aproximar com alguidares cheios d’água.
Sentaremos ao local do velho homem
Desatando os nós pela extensão da tarde,
Na fertilidade da figueira,
Na amplidão do salgueiro,
Nas savanas do antílope fugaz.


Mazisi Kunene

Tradução Adriano Moraes Migliavacca - tradução foi feita a partir do texto em inglês, que, por sua vez, é uma tradução do original zulu feita pelo próprio autor (Kunene trabalhava muito se traduzindo: frequentemente escrevia seus poemas em zulu e os traduzia para o inglês, publicando as duas versões).
Fonte: Estadão de São Paulo.

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