Escapulário
No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia.
Oswald de Andrade
Em homenagem aos 100 anos do bondinho do Pão de Açúcar.
Pelé
Mil novecentos e quarenta foi o ano
Vinte
três de outubro foi o dia
Em que o
futebol da magia
Concebeu
seu soberano.
Nas Minas um negro diamante
No berço
das Três Corações
Seu
brilho de chuteiras e calções
De Bauru
ainda infante
Partiu para o mundo com uma camisa
Branca
que dominava adversários
Podia
ser como tufão ou como brisa
A Vila Formosa foi o maior cenário
De uma poesia estonteante
Dribles
magníficos e desconcertantes
Pobres
dos goleiros já previam
O que
seus torcedores já sabiam.
Maestro
da bola, tenor do pé,
Embaixador
do encanto, isto é Pelé.
Gols, mil
duzentos e setenta nove
De uma
objetividade nobre.
As imagens da nossa seleção
Camisa
dez sem comparação
De uma
nação de brasileiros
Orgulhosos,
e sem nação.
Com a camisa canarinho
Até em
campos sem lei
O
futebol sozinho
Escolheu
seu Rei.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
Canção da tarde no campo
Caminho do campo verde
estrada depois de estrada.
Cerca de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.
Eu ando sozinha
no meio do vale.
Mas a tarde é minha.
Meus pés vão pisando a terra
Que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa, mas tão perdida!
Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a tarde é minha.
Os meus passos no caminho
são como os passos da lua;
vou chegando, vai fugindo,
minha alma é sombra da tua.
Eu ando sozinha
por dentro de bosques.
Mas a fonte é minha.
De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto,
meu peito é puro deserto.
Subo monte, desço monte.
Eu ando sozinha
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.
Cecília Meireles
®Verso & Prosa Poemas
www.versoeprosapoemas.blogspot.com
Salmo 19
Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.
Não há fala, nem palavras; não se lhes ouve a voz.
Por toda a terra estende-se a sua linha, e as suas palavras até os consfins do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol,
que é qual noivo que sai do seu tálamo, e se alegra, como um herói, a correr a sua carreira.
A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até a outra extremidade deles; e nada se esconde ao seu calor.
A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.
Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos.
O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e inteiramente justos.
Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o que goteja dos favos.
Também por eles o teu servo é advertido; e em os guardar há grande recompensa.
Quem pode discernir os próprios erros? Purifica-me tu dos que me são ocultos.
Também de pecados de presunção guarda o teu servo, para que não se assenhoreiem de mim; então serei perfeito, e ficarei limpo de grande transgressão.
Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!
Davi - Bíblia - Salmos.
Leio-te!
Leio-te: — o pranto dos meus olhos rola:
— Do seu cabelo o delicado cheiro,
Da sua voz o timbre prazenteiro,
Tudo do livro sinto que se evola ...
Todo o nosso romance: - a doce esmola
Do seu primeiro olhar, o seu primeiro
Sorriso, - neste poema verdadeiro,
Tudo ao meu triste olhar se desenrola.
Sinto animar-se todo o meu passado:
E quanto mais as páginas folheio,
Mais vejo em tudo aquele vulto amado.
Ouço junto de mim bater-lhe o seio,
E cuido vê-Ia, plácida, a meu lado,
Lendo comigo a página que leio.
Olavo Bilac
®Verso & Prosa Poemas
www.versoeprosapoemas.blogspot.com
Toda Ternura
toda ternura no olhar
explode o amor pelas paredes
a pele arrepia em delírio
segreda seus desejos
derrama beijos
no horizonte do silêncio
corpo abraça corpo
Luiza Maciel Nogueira
Viver o Simples
E achava que da vida minha sina,
Era viver invisível neste mundo,
E não conhecia nada de profundo,
Emoções incalculáveis, desmedidas.
E acreditando passar despercebida
Por cenários repetidos, rotineiros,
Não me pressentia do fim derradeiro
Que de mim se aproximava prometida.
Prometida estava a morrer em mim
Essa cegueira da alma, o não ver,
Coisas que são mascaradas pela dureza.
Por que quando a tristeza teve fim
Pude nas pequenas coisas perceber,
Que é nelas que se encontra a beleza.
Andréia Pariz
Publicado no Recanto das Letras em 27/01/2011
Código do texto: T2755652
Tempo
Tempo fugaz e passageiro,
Cruel e ligeiro amedronta,
Finca estacas e demarca,
E prossegue fugidio, escapa!
Tanto tempo esperado, valorado!
Quanto dele desperdiçado!
Escorrega ligeiro esse tempo...
Foge entre os dedos, escapa!
Tempo, traiçoeiro e bendito!
Apunhala pelas costas,
Incautos personagens dessa vida...
Tempo, vilão ou benfeitor?
Benfazejo, divino, saboroso...
Esse tempo ditoso, desejado...
Valioso tesouro, aproveitado,
Relicário bendito, delicado!
Inez Teves
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