Verônica

















O sangue que ilumina o pensamento,
Em forma eterna a vida reproduz;
Assim, a imagem do meu pensamento
Se não em sangue, há de gravar-se em luz.


Então, vereis ao vivo refletida,
Entre uma auréola de esplendor cristão,
A sombra interior da minha vida
A projetar-se do meu coração...


Sob esse aspecto místico e profundo,
Terei a transparência do cristal,
Ampliando a visão múltipla do mundo
Para uma vida sobrenatural.


E o que tenho de humano e de divino
Ante olhares profanos hei de expor,
Nas ascensões e quedas do destino,
Que foram meu Calvário e meu Tabor.


Mas, cauteloso, o espírito tristonho,
Ocultando seu trágico avatar
Sob a névoa translúcida do sonho,
Há de ser como a espuma sobre o mar.


E a luz, que vibra em iris no meu canto,
Revelará, talvez, sem eu querer,
Aos vossos olhos lúcidos de espanto
A beleza intangível do meu ser.


Da Costa e Silva

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