Ninguém


















Ninguém se engane se soar a hora,
se todos os relógios, de repente,
gaguejarem nem sei que dor fremente
que nunca veio e não se foi embora.

Ninguém se engane se souber quem chora,
que um grande choro convulsivo e quente
virá das coisas como espada ardente
atravessando a carne ontem, agora.

Ninguém se engane se dos seus papéis,
dos seus livros inertes, um lamento
terrível se levante como um vento

De maldição e de intenções cruéis.
Tudo, a este instante, é como um grande grito
quase a romper as cercas do infinito.


Alphonsus de Guimaraens Filho


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