Versos para Minas
O que me fica de Minas,
mais que o rumo das inconfidências,
são as ossadas azuis distantes de seus montes,
indecifráveis dinossauros férreos
incrustados na vastidão da alma.
Mais que os versos para Bárbara,
o que me encanta de Minas
é um certo ar de inverno impregnando as sombras,
um cheiro de esterco em pastos orvalhados
onde cavalos , insetos e vacas
reinam domínios de silêncios gigantes;
é a beleza modesta, porém eterna,
de suas claras morenas meninas,
os seios de desejos castos arfando;
são restos senhoris dos cafés dos campos,
casas com trepadeiras rubras e limões-cravo
despencando,
um certo abandono, um descomunal cansaço,
uma quase lembrança do que já vivido
e os incansáveis, gentis, negros braços,
o leite pródigo dos úberes,
seiva inteira deste universo Minas transverberado.
Mais que a transparência obscura do nome,
para além de toda forma, o que me fica de Minas
é matiz, é perfume.
Fernando Campanella
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