seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.
O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.
O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.
Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.
Cecília Meireles

3 comentários:
Muito Bom.
Amei !
alar
amar
arar
Que escolha linda, Henrique.
Cecília sempre encontra o modo mais delicado de falar do que o tempo não consegue apagar completamente. Um poema que fica ecoando em silêncio.
Fernanda
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